Para quem não me conhece, eu sou alérgica à academias. A única vez que eu resolvi pagar por uma coisa destas foi na Costa Rica. E logo descobri que não nasci para isso. Eu ia e ficava desesperada rezando para o tempo passar mais rápido nas máquinas. Ainda prefiro algo com um objetivo mais claro, tipo chutar uma bola no gol. Correr e não sair do lugar é coisa de hamster na gaiola. Enfim, desde então entendi que nunca mais pagaria por algo assim.
Todos os Embaixadores em Tóquio são presenteados com livre acesso a uma rede de academias. São quatro lugares diferentes. Uma fica dentro de um complexo super moderno e chicoso em Roppongi. Desde que nos mudamos de casa, a super academia fica a dois quarteirões de casa, uns 10' de porta à porta. Mesmo assim, demorei para criar coragem. O Álvaro sempre vai e adora. Para ele é quase parte do trabalho (ou pelo menos do social) já que encontra vários Embaixadores por lá.
Na semana passada eu resolvi tentar. Como continuo inimiga das máquinas, fui experimentar uma aula de yoga. E sim, eu sou pentelha e implico com aulas de yoga de academia. Mas fui mesmo assim. A aula foi ok, nada de especial e ainda me deixou dolorida por uma semana (fazia dois anos desde a minha última aula de yoga na China).
O que me impressionou mesmo, foi a "cajimia" em si (como diriam minhas queridas irmã e mãe).
Comecemos pelo princípio. Você entrega seu cartão de sócio na entrada e recebe uma chave. Guarda seu sapato num locker, e segue para os vestiários. Todo mundo descalço a partir daí. Aqui no Japão você leva o seu tênis de corrida na sacola, nunca vai com ele no pé. Dentro do vestiário há outro locker grande, com o mesmo número/chave do armário do seu sapato. Tem gente que aluga um pequeno, permanentemente, para deixar seus shampoos, cremes, etc. Custa a bagatela de US$ 200 por ano.
Tem tudo na academia. Camisetas, shorts, calças curtas e longas. Roupões. Toalhonas, toalhas e toalhinhas. Shampoo, condicionador, sabonete, creme hidratante, algodão, cotonete, escova de cabelo, gilette para os homens, secador de cabelo, escova de dente, água e outras bebidas, e por ai vai. Tudo, claro, "grátis" (e descartável). Você não precisa levar nada além da sua pessoa. Pode até alugar um tênis por lá.
Tenho certeza que isso não é permitido, mas eu tirei fotos da área onde eu sequei minha linda cabeleira. Na segunda foto, ao fundo, vocês podem ver todas as toalhas e roupões, que obviamente são oferecidos em diversos lugares para que ninguém tenha que procurar algo por mais de meio segundo.
Você pode fazer uma sauna com direito a piscina gelada depois... Pode aproveitar um ofurô (banho japonês) com hidromassagem... Uma delícia!!! É realmente um SPA. Tem massagens também, por um precinho "camarada". Foi uma ótima experiência, mas também ficou mais claro do que nunca quem são os maiores poluidores deste planeta. Parece óbvio, mas eu nunca tinha presenciado tanto excesso e desperdício num período tão curto de tempo.
Como podem imaginar, tanto luxo tem um preço. Eu fiquei curiosa para saber qual seria. Para virar sócio, pasmem, paga-se:
-US$ 23,000 (sim, VINTE E TRÊS MIL dólares!!!!) no primeiro ano,
-US$ 3,200 por ano, a partir do segundo ano.
E como se não bastasse, todo mundo paga cada vez que usa a academia. Custa US$ 14 por ida. E cada aula custa entra US$ 47 e US$ 53.
Me surpreendeu saber que esta academia é a número seis entre as melhores de Tóquio... Como serão as outras cinco??
Moral da história: a oportunidade de utilizar estes serviços é esta. Aqui e agora. Não posso garantir que voltarei pela "cajimia" em si, mas com certeza pelo banho!!! E não preciso nem dizer que se eu já não gostava das academias antes de conhecer esta, depois de Tóquio vai ser impossível gostar de alguma outra...
PS Quando vierem visitar, posso levar vocês. Visitas são bem-vindas (por US$ 42). Ah, desde que não tenham tatuagens visíveis, porque são estritamente proibidas.