Tuesday, June 19, 2012

Academia de gente fina

Para quem não me conhece, eu sou alérgica à academias. A única vez que eu resolvi pagar por uma coisa destas foi na Costa Rica. E logo descobri que não nasci para isso. Eu ia e ficava desesperada rezando para o tempo passar mais rápido nas máquinas. Ainda prefiro algo com um objetivo mais claro, tipo chutar uma bola no gol. Correr e não sair do lugar é coisa de hamster na gaiola. Enfim, desde então entendi que nunca mais pagaria por algo assim.

Todos os Embaixadores em Tóquio são presenteados com livre acesso a uma rede de academias. São quatro lugares diferentes. Uma fica dentro de um complexo super moderno e chicoso em Roppongi. Desde que nos mudamos de casa, a super academia fica a dois quarteirões de casa, uns 10' de porta à porta. Mesmo assim, demorei para criar coragem. O Álvaro sempre vai e adora. Para ele é quase parte do trabalho (ou pelo menos do social) já que encontra vários Embaixadores por lá. 

Na semana passada eu resolvi tentar. Como continuo inimiga das máquinas, fui experimentar uma aula de yoga. E sim, eu sou pentelha e implico com aulas de yoga de academia. Mas fui mesmo assim. A aula foi ok, nada de especial e ainda me deixou dolorida por uma semana (fazia dois anos desde a minha última aula de yoga na China). 

O que me impressionou mesmo, foi a "cajimia" em si (como diriam minhas queridas irmã e mãe). 

Comecemos pelo princípio. Você entrega seu cartão de sócio na entrada e recebe uma chave. Guarda seu sapato num locker, e segue para os vestiários. Todo mundo descalço a partir daí. Aqui no Japão você leva o seu tênis de corrida na sacola, nunca vai com ele no pé. Dentro do vestiário há outro locker grande, com o mesmo número/chave do armário do seu sapato. Tem gente que aluga um pequeno, permanentemente, para deixar seus shampoos, cremes, etc. Custa a bagatela de US$ 200 por ano. 


Tem tudo na academia. Camisetas, shorts, calças curtas e longas. Roupões. Toalhonas, toalhas e toalhinhas. Shampoo, condicionador, sabonete, creme hidratante, algodão, cotonete, escova de cabelo, gilette para os homens, secador de cabelo, escova de dente, água e outras bebidas, e por ai vai. Tudo, claro, "grátis" (e descartável). Você não precisa levar nada além da sua pessoa. Pode até alugar um tênis por lá. 


Tenho certeza que isso não é permitido, mas eu tirei fotos da área onde eu sequei minha linda cabeleira. Na segunda foto, ao fundo, vocês podem ver todas as toalhas e roupões, que obviamente são oferecidos em diversos lugares para que ninguém tenha que procurar algo por mais de meio segundo. 

Você pode fazer uma sauna com direito a piscina gelada depois... Pode aproveitar um ofurô (banho japonês) com hidromassagem... Uma delícia!!! É realmente um SPA. Tem massagens também, por um precinho "camarada". Foi uma ótima experiência, mas também ficou mais claro do que nunca quem são os maiores poluidores deste planeta. Parece óbvio, mas eu nunca tinha presenciado tanto excesso e desperdício num período tão curto de tempo. 


Como podem imaginar, tanto luxo tem um preço. Eu fiquei curiosa para saber qual seria. Para virar sócio, pasmem, paga-se:
-US$ 23,000 (sim, VINTE E TRÊS MIL dólares!!!!) no primeiro ano, 

-US$ 3,200 por ano, a partir do segundo ano. 

E como se não bastasse, todo mundo paga cada vez que usa a academia. Custa US$ 14 por ida. E cada aula custa entra US$ 47 e US$ 53. 


Me surpreendeu saber que esta academia é a número seis entre as melhores de Tóquio... Como serão as outras cinco??

Moral da história: a oportunidade de utilizar estes serviços é esta. Aqui e agora. Não posso garantir que voltarei pela "cajimia" em si, mas com certeza pelo banho!!! E não preciso nem dizer que se eu já não gostava das academias antes de conhecer esta, depois de Tóquio vai ser impossível gostar de alguma outra...

PS Quando vierem visitar, posso levar vocês. Visitas são bem-vindas (por US$ 42). Ah, desde que não tenham tatuagens visíveis, porque são estritamente proibidas. 




Monday, June 4, 2012

Frutas no Japão

Antes que todos vocês pensem que eu não tenho comido nenhuma fruta desde que eu cheguei ou que comecem a mandar frutas pelo correio, melhor eu explicar.

Sim, o Japão é caro. Sim, as frutas são caras. Mas as frutas que eu coloquei no Facebook não são as frutas que eu compro (ou que qualquer um compra) no supermercado para comer todos os dias. 

As frutas são geralmente importadas das Filipinas, México, Tailândia, etc. Para comparar, o preço mínimo das frutas que a gente compra:
- uma caixa de morango US$ 4. Fora da promoção: US$ 10;
- banana US$ 1 cada uma. Fora da promoção: US$ 2.5 cada uma;
- um cacho de uvas US$ 6.5. Fora da promoção: US$ 12... e por aí vai.

Mas... o Japão tem estas outras frutas que são impagáveis. Eu aprendi esta semana que elas são feitas aqui mesmo, cada uma em uma região específica do Japão, e o preço é alto porque são de altíssima qualidade, cuidadas praticamente uma a uma por uma mão de obra das mais caras do mundo. O resultado? Preços como estes das fotos: duas mangas por US$ 128, um cacho de uvas ou uma caixa com uma dúzia de ameixas amarelas por US$ 65. E por aí vai... E estas não são das mais caras.

Têm outras ainda mais caras, de lojas mais famosas. E fica a pergunta: quem compra? Geralmente as frutas são dadas de presente para grandes amigos ou clientes especiais. Na maioria das vezes, empresas compram para agradecer contatos importantes em datas que os japoneses consideram importantes. 

No ano passado ganhamos dois cachos de uvas numa caixa liiiiinda. Só depois fui saber que era de uma das lojas de frutas mais famosas de Tóquio. Mas obviamente, já tínhamos desfrutado de cada uvinha...

Tivemos uma festa do CISV há uns meses e quando trouxeram as sobremesas, vieram bandejas de frutas e de docinhos que apetecem a qualquer um (pelo menos era o que eu achava até então). Mas eu e todas as crianças, juntos, voamos nas bandejas de frutas!!! Nunca vi crianças disputando frutas sendo que ao lado tinham bandejas de doces lindos! Me senti mal de ficar lutando com crianças, resolvi me fazer de civilizada, adulta, educada, e esperar para comer umas frutinhas. Adivinhem? Não sobrou nada, óbvio! Tive que me contentar com os docinhos.

É nestas horas que faz falta morar em um país tropical... Aproveitem muito todas as frutas por mim, incluindo aquele suquinho de laranja da padaria, básico! Ai que saudades!! Sempre a poucos quarteirões de qualquer um, e a preço de banana (no Brasil, não no Japão, claro)...